ENTREVISTA COM NUNO SACRAMENTO
Nasceu no seio de uma família com ligações à arte, rodeado por quadros e esculturas. Desde pequeno que se recorda de ir a exposições e a ateliers. O seu pai, José Sacramento, reconhecido marchand de arte com mais de quarenta anos de atividade profissional, foi proprietário da Galeria Grade/Galeria Sacramento. Nuno Sacramento seguiu as pisadas do pai e hoje é diretor e fundador da Galeria de Arte Nuno Sacramento – Arte Contemporânea, em Ílhavo.
Como começou o seu percurso profissional?
Aos vinte anos comecei a trabalhar com o meu pai na Galeria Grade/Galeria Sacramento, em Aveiro. Tudo começou no princípio dos anos 90 e a partir daí iniciei o meu processo de formação profissional e institucional ao longo de mais de uma década.
Com o passar dos anos desenvolvi o meu gosto pessoal e espírito crítico, e em 2003 iniciei o meu próprio projeto. Criei a Nuno Sacramento – Arte Contemporânea. Comecei por desenvolver um trabalho de curadoria com artistas que acreditava – que estavam no mercado com cotação e valor, mas que eu sentia que ainda podiam crescer. Constituí um conjunto de artistas da Galeria e passei a representá-los em feiras mundiais.
Como é trabalhar na Galeria?
Na Galeria respeitamos o mercado, o nome que criámos, os clientes e os investidores em arte. No fundo, juntamos o gosto pessoal ao investimento.
Quando as pessoas adquirem uma obra de arte, por um lado é porque gostam, por outro é porque querem saber se vai valorizar, se vão rentabilizar o seu investimento e nós preocupamo-nos com isso. Neste momento, há uma garantia de valorização de todos os artistas com quem trabalhamos.
É um investimento seguro?
Sem dúvida. É um investimento seguro com provas dadas nos últimos anos. Há pouco tempo levámos a uma feira em Madrid um dos artistas que representamos. Uma importante galeria americana viu a sua obra e começou a trabalhar com ele. O seu preço triplicou, porque passou a vender para o mercado de Miami e Nova Iorque.
Com que tipo de artistas trabalham?
Trabalhamos muito com artistas cubanos. O meu pai, José Sacramento criou uma relação muito privilegiada com Cuba e, por isso, nós representamos para Portugal artistas cubanos de primeira linha que estão nas mais importantes feiras de arte do mundo e com os quais mantemos uma relação muito próxima, porque nos preferem em detrimento de galerias lisboetas.
Pessoalmente estou a especializar-me no mercado angolano.
Há muito talento em Angola. Para além de Cuba, que está muito mais à frente em termos culturais e artísticos, há artistas angolanos com um talento inato que, se trabalhado, podem vir a crescer muito.
Em 2016 vamos ter na galeria quatro exposições de artistas angolanos e mais três ou quatro de artistas portugueses.
ALBANO MARTINS - Utiliza diferentes meios de representação como a modelação tridimensional, a fotografia e o vídeo como forma de “fusão sensorial” para quebrar a fronteira entre a realidade física e a realidade simulada.
DUARTE VITÓRIA - O seu conceito de trabalho coloca o espetador em contacto com as emoções mais viscerais da condição humana. Isto é alcançado por entre o choque e a perturbação da mente do espetador através da carne humana. Cenários para acordar as pessoas do seu estado dormente de consciência e questionar a sua humanidade.
GIL MAIA - A sua pintura é um jogo entre o consciente e o inconsciente, entre o momento reflexivo e a expressividade emocional. Desenvolve-se na soma de desfocagens provocadas pelos estilhaços da memoria e pelo contágio dos estímulos contemporâneos.
TRAEXLER ROMAN - Na sua expressão plástica, consistente mas de leitura pronta, o rosto humano é presença constante. Pretende com a sua obra transmitir ao observador estados de alma e vivências das personagens retratadas. O olhar profundo das personagens, na maior parte das vezes provocador, motiva à cumplicidade do observador.
CRISTINA TROUFA - Trabalha predominantemente pintura figurativa surrealista. Recentemente usa a sua própria imagem em trabalhos autobiográficos que exploram as suas vivências e crenças espirituais. Como uma forma de autoconhecimento e autoquestionamento, a sua obra explora de um modo simbólico o seu Eu interior, que permanece inacessível ao voyeur, o qual pode apenas adivinhar o que cada trabalho representa.
ERNESTO RANCAÑO - O artista tenta criar obras com a sensação de passar o objeto real à personificação representada nele mesmo, através de espelhos ou de outros reflexos. Utiliza “A metade” como tese ou conceito para definir a ilusão com todas as suas cargas simbólicas, com títulos como “A carta que nunca te escrevi” ou “Diálogos de paz”.
TERESA CARNEIRO - Artista plástica imergente, tem a particularidade de fazer a fusão entre duas vertentes artísticas, a Pintura e o Design. Retratista por natureza, fascinada por rostos expressivos e olhares que contam histórias.
MABEL POBLET - A obra que cria é uma autorreferencialidade da sua própria imagem, do “Eu”, refletida nas mais diversas formas de experiências estéticas, tais como, utopia, conflitos, família, corpos, sedução, sexo, paixão com grande predominância do vermelho e do negro.
DIOGO MOREIRA - Fotografias do corpo feminino a nu que exaltam o poder da mulher pousando nas formas mais variadas.
DUMA - A artista trabalha a figura feminina, representando-a sempre de uma forma enigmática e misteriosa e nunca mostrando a identidade de cada personagem. No conceito está implícita a ideia de nunca conhecermos inteiramente quem quer que seja, incluindo nós próprios.
NUNO HORTA - Trabalhos fotográficos que interpretam o indivíduo na sua dimensão real para depois o transfigurar. A atmosfera é terrorífica mas enigmaticamente sedutora. Onde se estabelece a fronteira?
JUAN DOMINGUES - A sua pintura é fruto do que o rodeia, de quem o rodeia e assim se expressa. A Alma da sua criação é o resultado final do seu Eu, mesmo na limitação do Eu.
AURELIANO AGUIAR - O escultor constrói sonhos em aço com objetos que fizeram o tempo transportar-nos ao fantástico, ao (su)real, elevando o objeto à obra de arte.
PEDRO FIGUEIREDO - Poeta das formas, podemos catalogar a sua obra como poesia visual e tangível, tridimensional...
/A GALERIA
A Galeria de Arte Nuno Sacramento – Arte Contemporânea edita regularmente diversos catálogos e livros dedicados aos artistas que representa. Em paralelo com estas edições, desenvolve a produção de eventos artísticos, exposições temáticas, curadorias, concursos de arte e está diretamente representada em feiras internacionais de arte contemporânea.
Com fio condutor regulado por uma procura ativa de autores formados em artes plásticas, talentosos e criativos e com cotação no mercado da arte contemporânea nacional e internacional, coloca em prática um amplo conjunto de atividades objetivando a promoção dos artistas e das suas obras.
Nos últimos anos tem-se especializado em arte cubana e angolana, fruto da experiência e presença regular nesses mercados, através de parcerias e do desenvolvimento de projetos de curadoria e de aconselhamento à aquisição de arte junto de colecionadores particulares e institucionais.
Marca de uma nova estratégia é a concretização de iniciativas que visam a promoção dos autores que representa, com exposições em museus, centros culturais e fundações, mediante uma curadoria cuidada e atenta.
Com profissionalismo, determinação e conhecendo os riscos inerentes à atividade, a Galeria constrói um sólido futuro, tendo presente o lema: ”Comprar arte é um prazer com valor seguro e simultaneamente um investimento futuro”.
Fonte das Fotos: Litoral Magazine Edição 51 Março 2016
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