Joana Ivónia, uma das fundadoras e atual presidente da Ciclaveiro – Associação para a Mobilidade Urbana em Bicicleta, reconhece que a cidade de Aveiro tem tudo para ser uma cidade modelo e um exemplo em políticas de mobilidade, mas afirma que há muito trabalho a fazer.
A Ciclaveiro foi criada para promover a utilização da bicicleta no concelho e para contribuir para a construção de uma cidade mais sustentável. Contudo, em entrevista ao Diário de Aveiro, a presidente da associação avisa que não é possível criar melhores condições para ciclistas e peões “sem tirar espaço e privilégio ao automóvel”, constatando que “a cidade continua a ser desenhada em função do carro” e pede um “trabalho mais próximo e colaborativo” entre quem exerce o poder e quem tem experiência em dar ao pedal.
Criação da Casa da Bicicleta
Segundo Joana Ivónia, a Casa da Bicicleta é um projeto que que tem vindo a ser “namorado” e desejado há bastante tempo pela Ciclaveiro. Abriu oficialmente no dia 31 de Outubro de 2020, assinalando o Dia Internacional das Cidades, decretado pela ONU e que em 2020 teve como tema “valorizar as nossas comunidades e as nossas cidades”.
É uma casa que acolhe projetos relacionadas com a bicicleta, a sua utilização, promoção, reparação, valorização, construção e outras dinâmicas associadas. Serve como ponto de encontro de pessoas, projetos, marcas e ideias e tem como ambição ser um forte contributo para aproximar a comunidade e melhorar a cidade.
Contará a partir de Março com uma agenda mensal de iniciativas, como projeções de filmes e documentários, conversas abertas, “workshops”, oficinas, e impulsionar projetos e parcerias.
Foi organizada uma campanha de “crowdfunding ‘on-line”, que permanece ativa (http://casadabicicleta.pt/crowdfunding/), com uma lista de necessidades de objetos e equipamentos.
Ainda existe muito “trabalho a fazer”
A associação ambiciona uma cidade com condições de segurança para andar de bicicleta e a pé, e para isso acredita que devemos pensar a cidade como um organismo vivo. Explica ainda que não basta “pintar linhas no chão que indicam que por ali passam bicicletas. Não é relevante quantos metros ou quilómetros de corredores clicáveis temos; temos é que ter uma rede convidativa, segura, fácil de utilizar e que priorize a bicicleta e o peão.”.
“Continuamos presos a uma realidade onde são tomadas opções que continuam a desenhar a cidade com o automóvel e o colocam no centro da equação, e o foco deveria estar virado para a mobilidade das pessoas e bens de forma sustentável” sublinha a presidente da Ciclaveiro, rematando que “a lógica deveria ser invertida e o carro deveria ser desincentivado para deslocações sobretudo urbanas.”.
Joana Ivónia afirma que o mais urgente é ter uma estratégia definida, não só numa escala global, mas também a nível nacional, considerando ”muito importante que a Estratégia Nacional para a Mobilidade Activa Ciclável 2030 avance rapidamente, privilegiando a mobilidade ativa em detrimento do transporte motorizado”.
Aveiro como cidade modelo
Apesar de ainda existirem estas limitações, Joana Ivónia reconhece que a cidade dispõe de boas condições naturais para que uma grande parte das viagens pendulares seja feita de bicicleta e é esta a relação da cidade com a comunidade que queremos potenciar.
“Aveiro pode ser uma cidade modelo e um exemplo em políticas de mobilidade, onde a bicicleta tem um papel central, mas é necessário que este seja o objetivo”.
Veja como nasceu o projeto “A Casa da Bicicleta” através do link https://www.youtube.com/watch?v=8ogk8gZOGfI
Fonte da foto: Facebook da Casa da Bicicleta
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