A poucos minutos do centro de Aveiro há um refúgio à azáfama da cidade, onde é possível apreciar o pôr do sol na ria e consumir o que lá se produz.
Sandro Sousa é produtor de bivalves há quatorze anos. Decidiu, juntamente com a mulher Sandra Sousa, converter uma antiga marinha de sal num espaço que une o turismo à produção de ostras e salicórnia. A Ostraveiro arrancou no passado mês de março e é um esconderijo nas águas da ria, a poucos minutos do centro da cidade e apenas acessível de barco numa travessia que demora pouco mais do que dois minutos.
Numa área com cerca de oito hectares são produzidas diariamente ostras e salicórnia, mas também amêijoa e berbigão. “Queremos mostrar através das visitas guiadas, que têm uma duração de mais ou menos 45 minutos, a história da marinha e o processo de criação das ostras. O trajeto da visita passa ainda pelo tanque da salicórnia, uma zona de grande beleza natural”, refere o empresário. No final e à mesa prova-se o produto, num espaço composto por uma esplanada, um parque infantil para os mais pequenos, um local com camas de rede para relaxar e um bar de madeira sobre a água, onde se serve gin. Aliás, é possível ir à Ostraveiro somente para desfrutar de uma bebida e do efeito poético que as cores do pôr do sol dão à ria.
A Ostraveiro tem disponível, através de reserva prévia, três programas para os visitantes que pretendem viver uma experiência próxima dos costumes e das tradições locais: a visita guida, a visita guiada com degustação e a experiência da pesca nos viveiros de peixe selvagem. Para além disso, e com o verão à porta, são organizados eventos num espaço dedicado ao descanso e à tranquilidade, no seio da natureza.
À descoberta das ostras em Aveiro
Sandro Sousa produz ostras o ano inteiro e por isso é possível fazer uma degustação em qualquer altura. As águas mais frias, ricas em fitoplâncton e o trabalho de mão de obra diário tornam as ostras da ria de Aveiro um produto de qualidade superior quando comparado com outras zonas do país e do mundo. “França, por exemplo, é o maior produtor de ostras da Europa, mas aqui o tempo de crescimento chega a ser metade do que em França. As nossas ostras crescem 12 meses por ano, por isso conseguimos ter uma ostra feita num ano enquanto eles demoram dois”, explica o produtor.
A Ostraveiro exporta 50% da sua produção, o restante é para consumo nacional. O consumidor final também pode comprar ostras, no entanto é necessário reserva prévia, uma vez que todos os bivalves necessitam de depuração por razões de segurança alimentar.
Cada produtor tem a sua própria forma de trabalhar a ostra. O trabalho de mão de obra e verificação diária, o “mexer nos sacos, escolher a ostra, separar”, tudo isto confere uma diferença na qualidade da ostra, adianta. A diferença das águas da ria da Aveiro, em comparação com as da ria Formosa, por exemplo, também é um fator a ter em conta “aqui temos águas mais frias e ricas em fitoplâncton”. “As ostras do Algarve são boas como as nossas, a diferença está na forma de trabalhar a ostra. Se eu deixar os meus sacos quietos durante um mês, não têm a mesma qualidade em comparação com os sacos que mexo durante uma semana”, explica o produtor.
Fonte das Fotos: Edição nº61 Agosto 2018
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