O projeto chama-se Aveiro STEAM City e pretende revolucionar a cidade através de uma transformação digital.
A pensar no futuro, a Câmara Municipal de Aveiro (CMA) candidatou-se ao programa Urban Innovative Actions (UIA), iniciativa da União Europeia que fornece às áreas urbanas de toda a Europa recursos para testar novas e não comprovadas soluções para enfrentar os desafios urbanos que se avizinham. A candidatura teve como intuito servir de base para a nova estratégia municipal de cidade inteligente. Ou seja, repensar a cidade e os seus problemas com o intuito de a tornar mais autónoma e conectada com recurso à tecnologia. A CMA convidou alguns parceiros estratégicos, como a Universidade de Aveiro, a Altice Labs ou o Instituto de Telecomunicações e, em conjunto foi definida uma estratégia que resultou no “Aveiro Steam City”, um projeto que visa apoiar a transformação digital da cidade. A aprovação do projeto pelo UIA fez de Aveiro a primeira cidade portuguesa com candidatura aprovada, passando a integrar o restrito grupo de 55 cidades europeias.
O presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Ribau Esteves, respondeu a algumas questões colocadas pela Litoral Magazine ao projeto Aveiro STEAM City,
Em que medida considera que o Steam City irá contribuir para o avanço do turismo em Aveiro?
A nossa estratégia e opção política relativamente ao Turismo, assenta em dois pilares fundamentais: Cultura e Ambiente. No entanto, quer por via do Aveiro STEAM City, quer por via das outras operações que temos em curso na área da tecnologia, como é o caso do Techdays Aveiro, teremos aqui também um contributo importante para a notoriedade do nosso território, para o seu marketing e em consequência para o desenvolvimento do turismo em Aveiro.
Por exemplo, de 7 a 13 de outubro deste ano vamos ter uma semana recheada com três eventos que juntam a Tecnologia, a Cultura e o Ambiente. Vamos realizar a terceira edição do Criatech, um evento de cariz eminentemente digital e artístico, o novo evento PRISMA / Art Light Tech, uma nova aposta da Câmara Municipal de Aveiro (CMA) que vai iluminar, literalmente, alguns dos sítios mais icónicos da cidade, numa ação que mistura bem a cultura e a tecnologia, aliada ao cenário natural existente na cidade, e vamos viver também a quinta edição do TECHDAYS Aveiro, de 10 de 12 de outubro, com novidades importantes ao nível da política da CMA que denominamos por Aveiro Smart City, que darão por certo um contributo muito importante para que já este ano e nos anos seguintes, sempre num ritmo crescente, possamos atrair novos públicos e cada vez mais turistas, interessados nas diversas áreas que hoje integram a atração turística de um território. Da Tecnologia à Cultura, da Arte ao Ambiente.
Obviamente que o projeto Aveiro STEAM City vem dar um forte impulso a esta estratégia. Esta semana que vai acontecer, faz parte da estratégia integrada e do somatório de todas as partes: na Cultura, com a dinâmica e agenda de eventos do Teatro Aveirense que bem conhecemos, a Candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027, também alicerçada nos valores do Ambiente, da Tecnologia, da Cultura e da Alma Aveirense. No Ambiente, com a valorização e requalificação de vários espaços urbanos e rurais, com o nosso Centro Municipal de Interpretação Ambiental e os parque ribeirinhos de Esgueira, do Carregal e de Requeixo e na Tecnologia, com o crescimento do Techdays e as oportunidades proporcionadas pelo Aveiro STEAM City.
Qual a importância deste projeto para a cidade?
Este projeto é muito importante para o futuro da cidade e do município, porque vai muito para lá dos seus três anos de desenvolvimento, que estão definidos. Este é um projeto para capacitar o nosso município, a nossa rede de parceiros e para ter futuro.
Queremos tirar proveito de todos os objetivos a que o projeto se propõe, para capacitarmos a nossa comunidade, os nossos cidadãos, as nossas empresas e para darmos passos firmes neste desígnio, de tornarmos o nosso território mais competitivo e mais atrativo para as pessoas, este é o nosso primeiro objetivo. Mas obviamente, sermos também mais atrativos para os outros cidadãos, aqueles que nos visitam ou nos procuram para trabalhar por períodos mais ou menos longos.
Este é um projeto ambicioso, que vai trazer para a cidade uma nova revolução tecnológica, com a adoção de infraestruturas e tecnologias 5G e IoT – Internet of Things (Internet das Coisas), permitindo ao nosso município estar na linha da frente ao nível nacional, na instalação de antenas 5G em ambiente urbano, e só esta ideia diz muito daquilo que é a importância de cumprir bem esta operação.
O Aveiro STEAM City irá capacitar cidadãos, ajudar a comunidade educativa a ser mais conhecedora e utilizadora de novas tecnologias. Vai ajudar as empresas a repensar os recursos que necessitam para inovar, crescer e estabelecer meios para atrair novos talentos – nas áreas artísticas, criativas e de ciências sociais e humanas – às novas oportunidades digitais, numa abordagem conhecida internacionalmente como STEAM – Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática. Ao mesmo tempo, desenvolveremos uma estratégia pioneira em direção a uma infraestrutura tecnológica radicalmente nova, aplicada a uma cidade.
Será possível recolher informação das pessoas e dos veículos através dos sensores que serão instalados. Que tipo de sensores são estes? Quais os resultados que vão recolher? A privacidade dos cidadãos estará salvaguardada? A obtenção e a leitura dos dados será em tempo real?
Através do projeto Aveiro Steam City, será criada uma rede de infraestruturas de 5G, fibra e sensores implementadas no Centro Urbano de Aveiro, que permitirá que empresas e centros de investigação possam testar novos produtos e serviços na área das “Cidades Inteligentes” e “Internet das Coisas”. Essa infraestrutura permitirá, ainda, que a própria CMA e os seus parceiros, possam desenvolver alguns estudos de caso, nas áreas da mobilidade, ambiente e energia, com vista a melhorar o comportamento sustentável da cidade.
Ao nível da mobilidade, numa cidade cada vez mais turística e onde o número de veículos é cada vez maior, é fulcral perceber de que forma se pode otimizar a mobilidade na cidade e de que forma podemos tornar a cidade mais aprazível de visitar e viver. Este caso prático, desenvolvido pelo Instituto de Telecomunicações, irá utilizar sensores de geolocalização instalados em veículos públicos (autocarros, carros municipais, bicicletas e moliceiros) para obter informação acerca dos hábitos, rotinas e preferências da população para identificar problemas e otimizar a mobilidade na cidade.
No Ambiente, e de forma a perceber como se pode melhorar a qualidade de vida da cidade, é necessário perceber quais os indicadores ambientais e qual o estado atual da cidade. Este caso de estudo irá utilizar sensores ambientais instalados (fixos e móveis) de forma a gerar um mapa ambiental da cidade, com dados disponíveis aos cidadãos, entidades gestoras e centros de investigação. Serão avaliados o microclima urbano e a qualidade do ar da cidade de forma a quantificar o impacto e benefícios do planeamento de tráfego urbano, medir o impacto ambiental na comunidade e desenvolver ferramentas inovadoras para sistemas de alerta e controlo.
Por último, ao nível da Energia, Aveiro está comprometido com uma intenção estratégica integrada e sustentável de implementação e promoção de veículos elétricos. Numa cidade onde uma boa parte da atração turística envolve o percurso de moliceiro nos canais urbanos, realizando mais de 50.000 percursos por ano, é evidente que este fator representa um contributo negativo para o ambiente pelas emissões de monóxido de carbono e pelo ruído. Este caso prático tem como objetivo investir em estações de carregamento elétricas para que os operadores de moliceiros possam substituir os motores atuais por motores elétricos. Este caso prático permitirá avaliar o impacto desta implementação em fatores como a qualidade das águas, poluição do ar e consumo de energia (substituindo combustíveis fósseis por consumo elétrico).
Em resumo, sim, a leitura de dados será em tempo real, mas a privacidade dos cidadãos estará obviamente salvaguardada. O objetivo não é sabermos o que as pessoas fazem, mas antes que medidas podemos implementar para aumentar a qualidade de vida e o conforto da nossa população.
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