Devido à COVID-19, os moliceiros encontram-se em “águas paradas”, esperando retomar a sua atividade brevemente. O projeto com o intuito de tornar as embarcações eléctricas pode, de acordo com os seus empresários, relançar o setor.
O centro de Aveiro encontra-se deserto, imagem rara para os seus habitantes, que estão habituados a observar a cidade cheia de vida, repleta de turistas que esperam horas a fio para andar de moliceiro. No entanto, os moliceiros estão vazios, atracados nos cais esperando ansiosamente pela autorização de regressar. “Quando os moliceiros se movimentam na água temos uma cidade com vida e com alma. Aquilo que não existe agora, devido à pandemia de COVID-19”, afirma Virgílio Porto, da empresa Viva a Ria, que se encontra em “lay-off” desde novembro do ano passado.
A atividade marítimo-turística está suspensa desde janeiro, devido ao confinamento imposto pelo Governo, porém antes disso algumas das empresas do setor, que operam na Ria de Aveiro já se encontravam paradas, pela falta de passageiros. “Não havia gente e, portanto, os custos eram incomportáveis”, declara Virgílio Porto, relembrando que um dos maiores custos das empresas marítimo-turísticas é o valor da concessão, com licenças que atingem centenas de milhares de euros.
No ano passado, a Câmara Municipal de Aveiro devolveu aos operadores um terço do valor pago pela licença, que corresponde a quatro meses de atividade e, este ano, já anunciou que o valor da concessão será reduzido para metade, com o pagamento do remanescente em três prestações. O presidente da associação Laguna de Aveiro, que reúne vários intervenientes marítimo-turísticos, espera avidamente pela reabertura das fronteiras e pelo regresso dos turistas, admitindo retomar a sua atividade em maio, na última fase do plano de desconfinamento.
Os operadores do setor esperam que a transformação das embarcações tradicionais para embarcações elétricas que navegam pelos canais ajude a relançar a atividade. A contar deste ano, com um prazo de dois, os motores de combustão deverão desaparecer e dar lugar aos moliceiros elétricos, um projeto desenvolvido em conjunto com a Câmara de Aveiro. “A Câmara vai colocar dez torres de carregamento. Está previsto para maio, junho termos essas torres de carregamento à nossa disposição e vamos conseguir iniciar a eletrificação dos motores das embarcações”, disse Joaquim Varela, da empresa Aveiro Moments.
“Vai ser um fator de diferenciação”, acredita o empresário, ajudando as empresas marítimo-turísticas a recuperar dos efeitos causados pela pandemia, passadas as restrições à atividade. “Vai ser uma grande janela de abertura que vamos ter para diferenciarmo-nos perante todas as cidades do mundo inteiro. Ao conseguirmos essa migração, vamos ser a primeira cidade a nível mundial que vai ter as embarcações todas movidas a eletricidade”, reitera o empresário.
Os passeios de barco moliceiro nos canais da Ria de Aveiro são um dos principais motivos que fazem com que cada visitante se deixe maravilhar pela cidade de Aveiro, uma das maiores atrações turísticas, sendo uma âncora na atividade turística local.
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