Quase a fazer um ano, o polo museológico ao ar livre das Mamoas do Taco tem atraído centenas de visitantes, nacionais e estrangeiros. O insólito sítio arqueológico, que põe lado a lado monumentos megalíticos com cerca de 6000 anos e fábricas multinacionais exportadoras, é um caso único em Portugal.
As Mamoas, conhecidas no concelho de Albergaria desde o final do século XIX, sofreram obras de recuperação e valorização depois de uma campanha arqueológica ocorrida entre 2014 e 2015. Podem agora ser visitadas, ao mesmo tempo que se preservaram os achados e as pedras originais com gravuras rupestres.
O arqueólogo que conduziu os trabalhos, Pedro Sobral de Carvalho, afirma que as Mamoas do Taco são um caso único em Portugal, tendo em conta que estão implantadas no meio de uma zona industrial, resistindo à pressão urbana. O responsável pela valorização dos monumentos enalteceu o papel da autarquia albergariense por ter mantido os terrenos onde estão as mamoas e por permitir uma intervenção, que transforma aquele conjunto num pequeno centro interpretativo.
As mamoas são sepulturas coletivas do período neolítico, anteriores à idade do cobre e do bronze, e ao domínio da escrita. Normalmente são conjuntos fechados, constituídos por câmaras feitas de pedra (antas ou dólmens), que são posteriormente cobertas por terra, deixando apenas uma pequena entrada. São usadas durante longos períodos e depois são encerradas. Com a erosão da terra e as práticas agrícolas e florestais do nosso tempo, as mamoas acabam por perder a sua forma de elevação suave, restando apenas as pedras, que se vão perdendo. O arqueólogo calcula que os povos primitivos tenham movimentado mais de duas mil toneladas de terra para construir as mamoas. Pedro Sobral de Carvalho referiu, que além das gravuras que já eram conhecidas na Mamoa do Taco 1 – um conjunto de semicírculos concêntricos – foram descobertas outras inscrições gravadas na pedra através da técnica de picotado.
Atualmente estão a ser analisados em laboratório os resíduos de pigmentos encontrados numa mó de pedra, que têm levantado a hipótese de o interior da câmara ter estado coberto de pinturas. O presidente da Câmara Municipal, António Loureiro, afirma que a valorização do património não deve ser entendida como uma despesa, mas como um investimento. Não apenas porque o passado deve ser conhecido e estudado, tendo um papel importante na nossa memória coletiva, mas também porque é uma oportunidade de valorização da paisagem, um atrativo para o nosso território.
As Mamoas do Taco 1 e 3 estão localizadas na zona industrial de Albergaria-a-Velha, no Arruamento D, junto às fábricas Grohe e Bimbo. A Mamoa do Taco 2 foi arrasada no início da década de 1990, durante a construção do arruamento. A Mamoa do Taco 1 mantém algumas das pedras originais, com gravuras rupestres realizadas através da técnica de picotado. Não tem cúpula e pode ser acedida através de uma rampa, que simula a entrada da câmara funerária. A Mamoa do Taco 3 está toda coberta, recuperando o seu aspeto original de elevação suave sobre terreno plano.
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