A marca foi fundada por José Marques dos Santos há meio século. Uma empresa aveirense, de cariz familiar, com um percurso marcado por “muita resiliência, muito trabalho, muito sacrifício pessoal e familiar”.
Como tudo começou e como foi criado o Grupo Lusavouga?
Estávamos em 1976, tínhamos regressado de Moçambique e a vontade de recomeçar na mesma área de negócio era grande. Tive conhecimento de que a Lusavouga, que se dedicava à venda de máquinas e acessórios industriais, estava no mercado à venda. Foi o ponto de partida.
Nestes 50 anos, haverá muitos momentos a recordar. Quais os mais marcantes?
Para mim os momentos mais marcantes na história da empresa são três. O primeiro foi a deslocação das nossas instalações do centro da cidade para a EN109, onde ainda hoje é a sede operacional. O segundo foi a ampliação das instalações para 2.700m2 em 2003 para exposição de vários equipamentos e em 2004 em mais 3.600m2, com capacidade de movimentação de equipamentos ate 50 toneladas, perfazendo cerca de 8500m2 no total. Por fim, o terceiro foi o “nascimento” do nosso centro de distribuição. Um investimento de aproximadamente 6 milhões de euros, com uma área de cerca de 7.400 m2 e 100.000m3 de capacidade de armazenagem. Controlado a 100% pelo ERP SAP, com dois transelevadores que dão gestão a 36.000 contentores, um outro que tem a seu cargo a gestão de 4.000 paletes e ainda uma área de armazenagem semi-automática com capacidade para 8.000 paletes. Há ainda um marco importante que devo referir, este a nível pessoal, que foi a entrada dos meus filhos para o Grupo.
Qual o lema do Grupo?
Ser um grupo de empresas de referência no mercado em que atua. Ser o fornecedor que dispõe da mais completa gama de produtos para satisfazer os seus clientes.
Ao longo dos anos, Portugal tem passado por períodos de crise. Como têm conseguido resistir?
As crises em Portugal deixaram sempre marcas profundas na nossa sociedade, na nossa instável economia e no tecido industrial português. Apesar de sermos uma empresa familiar, que ao contrário das grandes multinacionais a operar em Portugal não têm uma liquidez limitada à sua dimensão no nosso país, sempre tentámos lutar contra essas “desvantagens” através dos nossos valores intrínsecos: inovação, ambição, qualidade, sustentabilidade, orientação para o cliente e acima de tudo, rigor!
São um dos maiores grupos empresariais de capital 100% nacional no setor em que atuam, dentro da península ibérica. Como conseguiram alcançar este estatuto sendo uma empresa familiar?
Os nossos valores são, sem qualquer margem para dúvida, o ponto-chave. Em 50 anos, foram muitas as dificuldades que ultrapassámos, quer financeiras, económicas, de pessoal, dimensão de mercado ou limitações orgânicas, entre outras. Para além dos valores, a decisão estratégica de investir na ampliação da rede comercial. A isto, juntamos a estratégia tecnológica posta em prática, com o investimento no nosso Sistema de Gestão em 2004 e no novo Centro de Distribuição em 2010, em plena crise financeiro-económica.
Estão presentes em mais de 30 países com sucursais em Espanha e Moçambique. Onde ambicionam estar?
Queremos crescer orgânica e economicamente. Queremos consolidar financeiramente as empresas do Grupo, as operações instaladas e a instalar no exterior.
A LusaVouga é uma empresa familiar. Podemos dizer que o futuro está garantido, uma vez que a seu lado tem os seus filhos. Isso deixa-o tranquilo?
O futuro está garantido, sem dúvida. Temos um plano de sucessão claramente definido e entendido pelo conselho familiar e por todos os colaboradores. Os meus filhos assumirão a presidência do Grupo, uma dupla alicerçada na confiança, partilha e debate de todas as grandes decisões, ficando com a presidência e vice-presidência o Rui e o Miguel respetivamente. Acho que o processo de preparação para os desafios futuros está no bom caminho, digamos que vai nos 75 a 80 por cento!
Qual a visão empresarial que será adotada a médio/longo prazo?
Temos vários investimentos estratégicos em preparação, como os recentes investimentos que foram efetuados na indústria e nos serviços. À parte disso, temos outros investimentos em análise, especialmente o estabelecimento de parcerias estratégicas e societárias, em França e no Brasil. Por outro lado, vamos expandir o nosso centro de distribuição de 1.300 m2, para cerca de 8.500 m2.
Como é que a Lusavouga acompanhou o avanço tecnológico e por consequente a aceleração da produção e do consumo proporcionada pela economia de mercado global?
Em 2001, tomámos a decisão estratégica de investir na rede comercial, passando de seis comerciais no distrito de Aveiro (e de ser uma empresa local) para cerca de 70 comerciais em Portugal e 40 em Espanha, em 2016. Considerando a nossas opções tecnológicas, investimos no nosso Sistema de Gestão em 2004 e no novo Centro de Distribuição, posteriormente. Em 2009, saltámos além-fronteiras e iniciámos um percurso fundamental para o crescimento alcançado e para redesenhar o nosso futuro.
O Grupo faz 50 anos. Como se sente por poder celebrar este aniversário? Qual a reflexão que faz de uma vida dedicada aos negócios?
Sinto-me muito feliz. Ao longo dos anos, criámos empresas e emprego, implementámos dinâmicas e ritmos, desenvolvemos estratégias e filosofias de trabalho, ao mesmo tempo que criávamos uma responsabilidade social cada vez mais abrangente. Atualmente com treze sociedades em três áreas geográficas, distribuidores em mais de 45 países, contamos com cerca de 260 colaboradores, diretos e indiretos. Temos hoje valências nos setores da distribuição, dos serviços e da indústria. Este percurso é fruto de muita resiliência, muito trabalho, muito sacrifício pessoal e familiar… Sinto também uma grande alegria em ter um grande número de colaboradores que dão o seu melhor em prol do melhor para as empresas, até porque os valores materiais só têm o seu real valor quando todos estes fatores se conjugam.
Fonte da Foto: Litoral Magazine Edição nº55 Março 2017
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