Ao volante de um Seat Leon Rx, o piloto aveirense regressou à competição, desta vez no Campeonato Nacional de Ralicross. Fora do circuito, o gestor mostra a sua natureza competitiva nos negócios que dirige.
Passaram catorze anos desde a última vez que competiu. José Lameiro, o aveirense de 52 anos que lidera a Diatosta e a Rialto, costuma dizer que teve uma recaída. A paixão pelo automobilismo é de tal forma intensa, que não teve dúvidas em regressar à competição quando surgiu a oportunidade. E nem a preocupação da família o deteve. “A minha mãe e a minha mulher ficaram seriamente zangadas comigo. Já os meus filhos adoraram a ideia”. Lameiro vê no Ralicross a oportunidade para fazer o que ama. Gosta do desporto automóvel e não o considera de alto risco. Aliás, “sou o primeiro interessado na minha integridade física”, conta-nos.
Com uma agenda preenchida, o empresário conduz também essa árdua tarefa de gerir o seu tempo. Procura dirigir os negócios com a mesma disciplina com que coordena a sua vida, por forma a equilibrar a esfera pessoal com a profissional. No final sobra-lhe pouco tempo. “Não me posso esquecer que isto para mim é um hobby. E a título de exemplo, eu pego no carro para a corrida. Não faço um pré-teste, um treino ou um treino de evolução”.
O gestor corre ao volante de um Seat Leon Rx, na categoria Super Car do Campeonato Nacional de Ralicross. Começou no Todo-o-Terreno quando tinha 26 anos. Fez a primeira corrida num Suzuki Vitara oficial comprado em Espanha, depois passou para um Suzuki protótipo, e mais tarde para a Nissan. E após mais de uma década, confessa-nos que há diferenças entre correr com 50 ou 30 anos: “Dá-nos outra maturidade. Com menos idade a agressividade é muito maior. Em jovem adoecia uma semana antes da corrida, tinha febre, doía-me o corpo todo. Agora só me doem as costas”, diz-nos em tom de brincadeira.
José Lameiro tem como carro de sonho o Polo Super Car e três pilotos de Ralicross por quem é fascinado: Petter Solberg, Andreas Bakkerud, pela forma divertida e séria com que encara a corrida, e Kristofferson – o atual campeão do mundo – e um matemático dentro da pista. Na sua opinião, há vários tipos de pilotos da mesma forma que existem diferentes jogadores de futebol. “Para mim, o piloto perfeito é aquele que alia a rapidez à proteção do seu próprio carro. Defender o carro é defender a mecânica, uma componente que considero fundamental na pilotagem”.
O empresário tem a sua própria equipa, a Lameiro Rx Team, que passo a passo tem vindo a melhorar o Leon – um carro veloz, com motor 2000 turbo, que demora apenas 2,1 segundos a atingir os 100 km/h e que pode chegar aos 560 cavalos. Este modelo de carros pode custar entre 100 a 300 mil euros e tem um consumo de 100 litros por cada 100 km, em que o preço da gasolina por litro é de sete euros.
A Super Car é a categoria rainha e normalmente a menos participada por ser a mais dispendiosa. Espanha, por exemplo, não tem esta categoria, ao contrário de França, o país com mais competidores. Uma equipa profissional de Super Car deve ser constituída, no mínimo por seis pessoas com dois a três mecânicos. “No campeonato deste ano houve grande expectativa porque esperavam-se entre dez a onze pilotos. Acredito que no decorrer da época vão aparecer mais competidores”.
No Ralicross é quase impossível tentar ultrapassar sem tocar, as pistas são estreitas e “pode parecer pouco mas quatro ou cinco carros dentro da pista já é um trânsito infernal”, revela. Lameiro prefere o piso de terra ao de asfalto: “tenho de sentir o carro a escorregar”. Guiar em circuito também foi outro dos obstáculos que teve de enfrentar. E isso é o grande desafio do Ralicross: “praticamente não há duas voltas iguais”.
Fonte das Fotos: Edição nº61 Agosto 2018
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