O arquiteto Paulo Lousinha enfrentou um duplo desafio na definição do projeto “Casa da Fonte”. Por um lado, romper com o paradigma arquitetónico das moradias da praia da Costa Nova com riscas e telhado. Por outro, a edificação de uma casa para duas famílias num terreno de 388 m2. O desafio foi vencido através de uma construção com uma “arquitetura que representa o tempo”.
A “Casa da Fonte” responde à necessidade da criação de duas habitações integradas, contudo independentes, afirmando-se no espaço pela pureza do traço e o respeito pela envolvência arquitetónica, impondo-se pela sua singularidade e beleza. As linhas estabelecem um diálogo ímpar com as construções existentes, uma coerência perfeita através do ângulo da cobertura de duas águas que viu a cumeeira rodar 45 graus para acertar e caracterizar o gaveto, coincidindo assim com a diagonal da planta e o volume das construções vizinhas. A harmonia da Casa da Fonte com os diferentes edifícios permitiu coincidir a altura mais baixa a poente e a afirmar-se com a definição do gaveto a nascente para comunicar com um prédio de habitação coletiva.
O volume arquitetónico parte da vontade de afirmar uma planta quadrada – uma massa compacta – à qual pequenas porções paralelepipédicas são subtraídas para marcar acontecimentos especiais: entradas, varandas e terraços. Esta visão é apenas contrariada pela abertura pontual dos vãos, alinhadas pela face interior das paredes.
A acessibilidade das residências foi uma preocupação, automatizando as entradas da Rua dos Faróis e da Avenida da Bela Vista, demarcando-as com a anulação de massa do volume puro, criando um pequeno alpendre e ocultando a garagem. Embora cada entrada partilhe o acesso automóvel e pedonal, estes estão separados por uma caixa que recebe toda a parafernália de infraestruturas inerentes ao funcionamento das residências.
As habitações são compostas por três andares, ao nível da entrada a cozinha e as instalações sanitárias estão embutidas e ocultas através de uma parede móvel revestida a nogueira, deixando o restante espaço totalmente livre. No piso elevado, dois pequenos quartos, instalação sanitária e uma suite. No sótão um espaço amplo e sem uso definido, reaproveitado numa das casas com a criação de uma biblioteca.
Os acabamentos privilegiam matérias-primas como a madeira maciça no desenho dos acessos, bem como nos portões, o vidro transparente na guarda das varandas e o betão no piso exterior. No interior a seleção de materiais é também austera: novamente o pavimento em betão, paredes e tectos rebocados com acabamento estanhado.
Fonte da Foto: Ivo Tavares Studio | Edição nº60 Maio 2018
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