Maria João Saraiva, bióloga de 32 anos natural de São Bernardo, foi atrás do sonho e deu meia volta ao mundo de veleiro.
Em janeiro de 2020, a bióloga (com Mestrado em Ecologia), Maria João Saraiva deu ouvidos seu coração e partiu em direção à Nova Zelândia com o objetivo de apanhar boleia de veleiros e em troca de trabalho e voluntariado na área da Biologia, visitar as ilhas do Oceano Pacífico.
Um início “dentro do plano”
O plano de visitar as ilhas do Oceano Pacífico corria bem e “enquanto maio não chegava, a época ideal para a travessia juntei-me a uma família neolandeza. Eles acolheram-me no catamarã e ensinavam-me a velejar e eu ensinava os filhos gémeos a ler e escrever inglês através da Te Kura (escola à distância)”, contou a jovem.
A chegada do vírus que “abanou” o mundo
Entretanto, há um vírus que chega e “abana” o mundo inteiro. Em junho, todas as ilhas do Pacífico “se fecharam” aos turistas e arranjar trabalho era missão impossível.
“Perdido por 10, perdido por 18.000 léguas”, Maria João opta por uma decisão radical e passou a ter um novo objetivo: uma nova boleia para regressar a casa (mais precisamente Açores por ser o ponto mais próximo da costa), “e assim atravessar meio mundo”, explicou.´
Sendo urgente encontrar um veleiro, recorreu à página do Facebook “Sailing Worldwide”para procurar viagens em veleiros. Em menos de um dia, foi contactada por um capitão norueguês, Harvard, dono do veleiro “Borèal”, de 15 metros, que também desistiu do sonho de rumar até à Antártida, para retomar à Suécia.
Assim, começa mais uma aventura para Maria João, com um plano de paragens em: Opus (Nova Zelândia), Darwin (Austrália), Le Port (Ilha da Reunião), Richard´s Bay, Port Elizabeth e Cape Town (África do Sul), Ilha de Santa Helena, Lanzarote (Ilhas Canárias) e Açores.
Meio ano de novas aventuras a par de uma pandemia que não deu tréguas
A 1 de junho e com quatro tripulantes, a bióloga parte para quase meio ano de novas aventuras, a par de uma pandemia que não deu tréguas.
As peripécias a bordo foram muitas, desde tempestades, a intoxicações alimentares, passando por privações alimentares ou proibições de ir a terra.
Mas também houve momentos mágicos, como o encontro com baleias de bossa, a companhia dos golfinhos, os trilhos deslumbrantes na Ilha de Reunião ou safaris na África do Sul, as amizades que ficam para a vida e a descoberta do amor pelo Capitão do Borèal.
“Não preciso de ter muito dinheiro para viver aventuras”
Entretanto, com a tripulação reduzida a Maria João e ao Capitão, a dupla chega a Lanzarote a 22 de dezembro. “Os planos foram alterados e o barco que nos fez cruzar em segurança três oceanos e conhecer quatro continentes teve que ser vendido”, explicou Maria João, já de regresso a Aveiro.
Olhando para trás, a bióloga está certa que viveu uma grande aventura cheia de lições para a vida A principal? “Não preciso de ter muito dinheiro para viver aventuras. Posso trocar estadia e alimentação por trabalho”, garantindo que sai desta experiência “mais forte, mais resiliente, a aceitar-me como sou e a ouvir, cada vez mais, a minha intuição”.
O futuro passa por completar a outra circum-navegação ao mundo e registar esta aventura em livro.
Fonte da Foto: Diário de Aveiro
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