Entrevista a Delfim Bismarck – Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha
Com uma estratégia que alia cultura, educação e economia como forma de atrair e fixar pessoas e atividades criativas e empreendedoras, Delfim Bismarck, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha e Vereador da Cultura, falou à Litoral Magazine sobre a importância de perservar os valores culturais tradicionais e da sua relevância no desenvolvimento cultural do concelho.
Qual a estratégia cultural do município de Albergaria-a-Velha para 2016?
A estratégia que temos vindo a implementar, não apenas para 2016 mas para o atual mandato, assenta na consolidação de um modelo de desenvolvimento que alie a cultura, a educação e a economia, de modo a atrair e fixar pessoas e atividades criativas e empreendedoras. Dinamizamos a atividade cultural nos diversos equipamentos culturais do Município através da valorização, do apoio e da promoção de diversas iniciativas e eventos. Apoiamos a ação dos agentes culturais locais, incentivando o associativismo e a preservação dos valores culturais tradicionais. Nestas áreas temos a destacar o Festival Pão de Portugal, um grande evento de dimensão nacional que atraiu cerca de 27 mil pessoas, em 2015, em volta da gastronomia e de um elemento tradicional que tem uma grande história na nossa região. Trata-se de um evento em que apoiamos a produção cultural local, uma vez que durante o festival há diversas apresentações e espetáculos produzidos por associações ou grupos albergarienses, o que permite evidenciar a qualidade do que se faz no concelho. A Rota dos Moinhos é outra das vertentes desta política. O levantamento e inventariação dos mais de 300 moinhos de rodízio no concelho, permite a preservação destes engenhos com mais de um século; o desenvolvimento de turismo de natureza; a preservação do património cultural e natural e a atração de visitantes de Portugal e do estrangeiro. Em 2014, por exemplo, a Rota dos Moinhos foi visitada por 406 pessoas, em 2015 foi visitada por 689 e esperamos aumentar esse número em 2016.
Outra vertente desta política é a preservação de sítios arqueológicos de interesse, continuando escavações em locais que estavam ao abandono há décadas, valorizando-os e ou musealizando-os, como são o caso das Mamoas do Taco, monumentos funerários com cerca de 5.000 anos, ou do Monte de São Julião, na Branca. A aposta que temos levado a cabo com a identificação e valorização dos Caminhos de Santiago, no caso o Caminho Português e o Caminho Caramulo/Vouga, é outro aspeto desta política cultural que alia turismo, natureza, património e religião.
Lançámos também uma política de estudo, inventariação, preservação, conservação, classificação e divulgação do património natural, histórico, cultural e arqueológico do concelho, como forma de valorização do território e do património, tornando-o mais competitivo, atrativo e diferenciado. Destaco aqui o lançamento da revista Albergue, uma publicação anual sobre a História e o Património de Albergaria, que permite mostrar a riqueza do território, não só às pessoas de fora, mas também aos próprios albergarienses.
Temos garantido igualmente apoio a edições temáticas de interesse cultural, como o catálogo da exposição da Cinemateca Portuguesa e do Museu do Neorrealismo, que assinala o centenário do nascimento do cineasta albergariense Manuel Guimarães, ou o documentário “Alba – Uma marca ao serviço da comunidade”, sobre o fundador da Fábrica Metalúrgica Alba.
O orçamento para a cultura em 2016 mantêm-se relativamente ao do ano passado?
No seu contexto global, sim. Apesar de reduzirmos em cerca de 10 por cento, anualmente, os valores relativos à programação do Cineteatro Alba temos registado um aumento do número de espetadores. No entanto, eventos anuais como o Festival do Pão de Portugal, ou pontuais, como aquele que vamos realizar com os 500 anos do Foral de Paus, têm feito aumentar algumas rubricas inseridas no contexto geral da Cultura.
Indique-me um dado relevante do pelouro da cultura para 2016?
As comemorações dos 500 anos da outorga do Foral de Paus, atualmente um lugar na Freguesia de Alquerubim, com a recriação de uma feira medieval será um momento cultural relevante durante este ano. À semelhança das comemorações, em 2014, dos 500 anos do Foral de Frossos e do Foral de Angeja, esperamos assinalar de forma única e diferenciadora, com capacidade para atrair pessoas de fora do concelho, uma data da nossa história que só faz sentido assinalar uma vez. Por outro lado, apostamos novamente no Festival Pão de Portugal como um evento que se destaca no panorama nacional. Não posso deixar de falar na programação do Cineteatro Alba, que continua a ser um aposta forte, apesar das restrições orçamentais. O Cineteatro oferece a preços muito acessíveis – e essa é uma política de fundo que permite cativar também um público atento, dos concelhos vizinhos – artistas e espetáculos que normalmente só se conseguem ver nos grandes centros urbanos. Portanto, desde o início do ano continuamos a trazer a Albergaria grandes nomes da música, da dança, do teatro e contribuímos também para lançar artistas menos conhecidos, mas que abraçam projetos de grande qualidade, fomentando assim uma política de criação de públicos.
Há no programa de 2016 alguma atividade direcionada para crianças, idosos e famílias mais desfavorecidas. Em Albergaria-a-Velha a cultura é para todos?
Em Albergaria-a-Velha a Cultura é para todos. No âmbito do SAC – Serviço de Aprendizagem Criativa estão previsto espetáculos, workshops, sessões de mediação de leitura, visitas a exposições e conversas, para os vários segmentos de público, nas diversas áreas artísticas ou de manifestação performativa de forma gratuita. Atividades direcionadas para crianças acontecem quase todos os fins de semana na Biblioteca Municipal. Também o Programa Idade Maior, vocacionado para munícipes seniores tem sido um sucesso. As agendas municipais espelham bem essa atenção.
Aproximadamente quantos espetáculos irá receber este ano o Cineteatro Alba?
Espetáculos, contemplando todas as áreas artísticas, no Espaço café-concerto, sala principal, e outros espaços envolventes, de companhias profissionais, semi-profissionais, associações locais e ensino artístico, retirando workshops, colóquios, conferências, exposições, chegamos a um valor aproximado entre 90 a 100 espetáculos. Contudo, toda a atividade do Cineteatro Alba, perfaz um número de 120 a 140 ações num ano civil. A título de exemplo, poderei dizer que no ano transato tivemos 137 eventos, onde estiveram mais de 25 mil pessoas.
Destaque quatro espetáculos que este ano irão decorrer no Cineteatro Alba e que ainda não tenham sido divulgados.
Alguns não estão totalmente fechados, outros, não é possível ainda tornar público. Mas podemos destacar no primeiro trimestre o concerto dos Deolinda, que acabam de lançar um novo álbum e vêm fazer a sua apresentação em Albergaria-a-Velha. Não posso deixar de falar da peça teatral “António e Maria”, com Maria Rueff, a partir da obra de António Lobo Antunes, e do Concerto de Família, pela Orquestra Filarmonia das Beiras. Como novidade, posso falar no espetáculo de Raquel Tavares inserido num ciclo de fado ainda a anunciar, bem como uma surpresa no âmbito do teatro.
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