A Câmara de Ílhavo e a empresa Pascoal & Filhos assinaram ontem um acordo de parceria para recuperar o Lugre bacalhoeiro Argus e transformá-lo num espaço museológico, investimento que ronda os quatro milhões de euros.
Durante a assinatura do acordo, pelo qual a Pascoal & Filhos, SA faz a doação do Argus ao município, ao abrigo do mecenato cultural, o presidente da Câmara de Ílhavo, Fernando Caçoilo, lamentou que o Creoula esteja encostado no Alfeite, por não haver dinheiro para a sua reabilitação.
Já quanto ao Argus, a Câmara de Ílhavo vai procurar financiamento, nomeadamente através de fundos comunitários, para transformar aquele veleiro da pesca à linha em espaço museológico, em seco, no Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré, à semelhança do que acontece em Greenwich (Londres, Reino Unido) com o Cutty Sark. O investimento ronda os quatro milhões de euros.
Aníbal Paião, administrador da Pascoal & Filhos, explica que a empresa vê agora honrado o seu “compromisso de preservação deste património náutico”, bem como “a necessária homenagem à Frota Branca e às gentes ilhavenses que participaram na pesca do bacalhau à linha nos terríveis anos da Segunda Guerra Mundial”.
Um dos “cisnes brancos” da frota bacalhoeira portuguesa
O Argus – lugre com cerca de 57,54 metros, com motor e com 4 mastros de vela latina – foi construído em 1939, em Heusden, na Holanda.
Juntamente com o Creoula e o Santa Maria Manuela, fez parte do famoso trio reconhecido como “cisnes brancos” da frota bacalhoeira portuguesa.
Ficou internacionalmente célebre por ser figura central do trabalho do Oficial de Marinha, escritor e repórter de temas marítimos para a National Geographic Magazine, Alan Villiers, que viajou no Argus em 1950, resultando no best seller “A Campanha do Argus”, um documentário com o mesmo nome e uma riquíssima coleção de 82 fotografias que ofereceu ao Museu Marítimo de Ílhavo, em 1951.
O Argus fez a última campanha ao bacalhau em 1970, tendo sido adquirido em 1974 por uma empresa canadiana para navegar como embarcação turística nas Caraíbas sob o nome de “Polynesia II”.
Em 2009 foi adquirido em hasta pública, em Aruba, pela empresa Pascoal & Filhos, recuperando o seu nome de batismo.
Fonte da Foto: Diário de Aveiro
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