Prémio Cultura “Litoral Awards 2018”, o Museu Marítimo de Ílhavo (MMI) é o espelho da preservação da identidade do município, assente numa relação ancestral com o mar e a ria, especialmente pelo impacto histórico, social e económico da pesca do bacalhau no território e nas suas gentes.
Nascido a 8 agosto de 1937, começou por assumir uma vocação etnográfica e regional, lugar de memória dos ilhavenses que o criaram. Em 2001, foi renovado e ampliado, passando a habitar num edifício de arquitetura moderna. Nesse mesmo ano, o MMI passou também a contar com o polo Navio-Museu Santo André, antigo arrastão bacalhoeiro. Recentemente, o Museu voltou a crescer e a qualificar-se com a criação, em 2012, da sua unidade de investigação e empreendedorismo, o CIEMar-Ílhavo. Desde 2013, inclui o admirável Aquário dos Bacalhaus.
Nestes quase 82 anos, importa salientar o êxito deste ousado projeto museológico do município de Ílhavo, refletido nos resultados numéricos de 2018: no final do primeiro trimestre, contabilizados os dados estatísticos desde outubro de 2001, aquando da sua remodelação e ampliação, o Museu Marítimo ultrapassou a barreira mítica de 1 milhão de visitantes, tendo ainda terminado o ano com a marca recorde de visitas ao percurso expositivo (87.557 pessoas), colocando-o entre os museus mais visitados do país.
REVIVER AS AVENTURAS NO MAR E NA RIA
A viagem começa em plenas águas geladas do Atlântico Norte, a bordo de um dóri, carregado de bacalhau; a seguir, embarcamos no Faina Maior, um iate bacalhoeiro, e mudamos de rumo na roda do leme. Depois da aventura no mar, passamos para a calmaria da ria, onde navegamos num moliceiro ou numa bateira. Daí partimos para o mundo mágico das conchas, dos búzios e das estrelas-do-mar. Mais adiante, modelos de barcos de todo o tipo transportam-nos pela história marítima portuguesa. Passando pela pintura e pela cerâmica, a viagem acaba no tranquilo e espantoso mundo dos bacalhaus que vivem no aquário.
Uma visita ao Museu Marítimo de Ílhavo é sinónimo de uma fascinante viagem tanto pelos mares longínquos, como pelos espelhos de água da Ria de Aveiro. Há mais de 80 anos, o Museu Marítimo de Ílhavo é testemunho da forte ligação dos ílhavos ao mar e à laguna. A pesca do bacalhau nos mares da Terra Nova e Gronelândia, as fainas da Ria e a diáspora dos Ílhavos ao longo do litoral português são as referências patrimoniais do Museu. A cada um dos temas corresponde uma exposição permanente que oferece ao visitante a possibilidade de reencontrar inúmeros vestígios de um passado recente.
CONCHAS, BÚZIOS, ALGAS E ESTRELAS-DO-MAR: UMA COLEÇÃO DE BELEZA ÍMPAR
Conchas, búzios, estrelas-do-mar de todas as cores, tamanhos e feitios. O Museu Marítimo de Ílhavo apresenta uma das maiores coleções do país de malacologia e, desde o ano passado, a exposição está ainda maior e mais bonita, contando, atualmente, com mais de quatro mil espécimes. As conchas que vieram enriquecer a exposição já existente fazem parte da coleção de malacologia de Pierre Delpeut, doada ao Museu em 1976, e outros exemplares provenientes de doações particulares. A coleção de Pierre Delpeut foi constituída através de incessantes trocas de exemplares com diversos colecionadores mundiais. Já os restantes exemplares da vasta coleção de malacologia foram doados por ilhavenses, que se encontravam emigrados em locais tão distantes como Timor, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e Brasil. Algumas dessas doações integraram a coleção do museu no período que antecedeu a sua fundação, em 1937.
O EFEITO ENCANTADOR DO AQUÁRIO DOS BACALHAUS
A visita ao museu acaba em auge com a chegada ao deslumbrante Aquário dos Bacalhaus, atualmente com cerca de 60 habitantes, entre bacalhaus, escamudos e abróteas. Estes exemplares da espécie Gadus morhua que se pode considerar “o nosso bacalhau”, aquele que os portugueses pescam e consomem há vários séculos – vivem num tanque de 3,2 metros de profundidade e 120 metros cúbicos de água, com temperatura entre os 10 e os 12 graus centígrados e um grau de salinidade muito semelhante à do habitat natural do bacalhau. O Aquário completa o discurso histórico e memorial da Faina Maior, oferecendo ao público uma experiência de conhecimento incomparável.
A GÉNESE PATRIMONIAL DO MUSEU MARÍTIMO
Treze anos antes da inauguração do museu em 1937, germina a ideia de um local “recheado de preciosos livros dos homens de génio da nossa terra” (palavras do poeta ilhavense David Rocha). O acervo, tanto bibliográfico, como arquivístico, cresceu assim de forma natural no seio do museu que hoje se assume, também, como Biblioteca Especializada de Temática Marítima, possuindo um vasto e riquíssimo acervo sobre o património, a cultura e história do mar, sobretudo sobre temas relacionados com o mar e a pesca, em especial a do bacalhau.
A INVESTIGAÇÃO E EDUCAÇÃO
Aberto aos mais diversos públicos, o Museu Marítimo de Ílhavo é hoje um museu marítimo singular, incluindo na sua missão a vertente da investigação (CIEMar) e da educação (Serviço Educativo). O CIEMar-Ílhavo é uma subunidade do Museu Marítimo de Ílhavo como elemento estruturante do novo ciclo de vida do museu, desempenhando a missão de investigação científico-cultural, com o objetivo de alimentar e renovar o projeto cultural do museu.
A criação deste centro de investigação, dotado de funcionalidades arquivísticas, tecnológicas e formativas no domínio da cultura do mar, tem ainda a intenção de impulsionar a dinâmica museológica do museu, ampliando-a de forma criativa e projetando-a a escalas mais amplas.
Sendo a proteção dos recursos naturais uma preocupação central da Câmara Municipal de Ílhavo, o Museu Marítimo reforça esta preocupação pedagógica com a natureza e a proteção dos Oceanos, através de ações de sensibilização ambiental tendo como público-alvo não só a comunidade escolar, como as famílias.
PARA ALÉM DA MUSEOLOGIA: A ARQUITETURA
O próprio edifício do museu é, por si só, um excelente motivo de visita. Da autoria do Gabinete ARX Portugal, dos arquitetos Nuno Mateus e José Mateus, o Museu Marítimo de Ílhavo, cuja remodelação foi inaugurada em outubro de 2001, e o Aquário dos Bacalhaus inaugurado em 2013, têm merecido vários prémios e distinções de arquitetura, a nível nacional e internacional.
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