© Website Universidade de Aveiro
Do modo de vida à economia, são várias as alterações que as secas vão trazer à vida de portugueses e espanhóis. Quem o diz é um estudo realizado pelos investigadores da Universidade de Aveiro, João Miguel Dias e Humberto Pereira, em parceria com duas investigadoras da Universidade de Vigo, Nieves Lorenzo e Ines Alvarez.
A principal conclusão é a de que a Península Ibérica será afetada pelas secas durante este século. A obra publicada na revista Atmospheric Research “caracteriza a ocorrência e a variabilidade espacial das secas na Península Ibérica nos próximos 50 anos considerando dois cenários de concentração de gases de efeito estufa na atmosfera (um moderado e um severo) definidos pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPPC).”, revela a notícia publicada no site da UA.
Em análise estiveram dois tipos de secas, as meteorológicas e as hidrológicas. As primeiras serão menos frequentes no território ibérico, sobretudo a 2040, contudo podem ser “mais intensas e duradouras na região Este da Península Ibérica, intensificando-se este efeito ao longo do século XXI”, revela Humberto Pereira. Já as segundas, vão ser “mais comuns e intensas na região Noroeste da Península Ibérica, e menos frequentes, mas mais duradouras nas restantes regiões da península”, conclui.
A título de exemplo, no Este do território em estudo há cidades como Barcelona, Valência ou Palma de Maiorca. No Noroeste há cidades portuguesas e espanholas como Braga, Viana do Castelo, Porto, Vigo, Santiago de Compostela ou Pontevedra.
Entre 2041 e 2075 “a frequência e a intensidade destas secas registam uma diminuição no cenário mais moderado, e um ligeiro aumento no cenário mais severo”. Os investigadores alertam também que “a previsão das características espaciais e temporais das secas é crucial para compreender e mitigar os seus impactos futuros nos ecossistemas da Península Ibérica e reduzir os potenciais riscos decorrentes das mesmas”.
Setores como a agricultura, o turismo ou a produção de energia podem sofrer um impacto negativo, tal como a biodiversidade os solos da região. O risco de aumento de incêndios florestais e a possível escapes de água potável são outras das problemáticas. Apesar das conclusões do estudo, o investigador João Miguel Dias salienta que “os fenómenos de seca podem ser influenciados por outros fatores, como a temperatura do ar, a sazonalidade, e até as características do terreno, o que requer uma caraterização e previsão mais complexa destes fenómenos”. Os resultados foram obtidos através do Standardized Precipitation Index (SPI), um índice amplamente utilizado para caraterizar o regime de seca em diferentes escalas temporais, que se baseia exclusivamente na precipitação.
Já em 2020 a Universidade de Aveiro tinha alertado para o problema do aumento das temperaturas na Península Ibérica. À data, o estudo coordenado por David Carvalho revelava que a temperatura deste território irá aumentar cerca de 3 graus até 2100 e que “em Portugal há mesmo regiões que poderão registar aumentos de 4 a 5 graus centígrados nas máximas diárias”, o que significa que podem aumentar para cerca de 50 o número de dias anuais em que as temperaturas ultrapassem os 40 graus centígrados.
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