Ao falar da Páscoa, falamos também de Pão de Ló, nomeadamente o célebre Pão de Ló de Ovar. Do mesmo modo, falamos das tradições das Beiras (Litoral e Alta) nesta época do ano, unem regiões e gentes.
O Pão de Ló nasce nas mãos dos Judeus, que expulsos de Espanha no século XV rumam a Portugal, tornando-se ao longo dos séculos num verdadeiro símbolo da doçaria Portuguesa. Entre todas as variedades regionais, nasce a vareira, que se eleva como a mais consagrada e deliciosa de todas na nação. O Pão de Ló de Ovar, ou o Pão de Ló Vareiro, surge referenciado num documento nos finais do século XVIII, altura que foram obsequiados os padres que levavam o andor, na Procissão dos Passos, com a deliciosa iguaria.
De acordo com M. Lyrio, no livro “Passos de Ovar”, o “Pão de Ló de Ovar deve ter sido parturejado nalgum convento das imediações e daí transportado para Ovar por alguma religiosa filha de gente vareira, onde tomou o formato atual”. Este doce regional é o resultado direto do “saber fazer” requerido para a preparação da massa e da sua respetiva cozedura. Segundo a tradição oral, no séc. XIX várias famílias dedicavam-se à confeção de doces regionais, onde se destacava o afamado Pão de Ló de Ovar. Marques Gomes, em “Aveiro e o seu Distrito” no ano de 1877, falando relativamente à Vila de Ovar, afirma que “Na confeitaria tornam-se notáveis o pão de ló e os ovos moles, rivais de Aveiro”. O Pão de Ló de Ovar marca o seu nome no contexto da doçaria tradicional do País, tendo uma progressiva comercialização, à medida que o tempo passa, alcançando mercados mais amplos.
Distinguido pela sua forma de “broa”, esta iguaria tem uma massa cremosa de cor amarelada, leve e delicada, designada de “ló” e uma côdea fina e levemente húmida demarcada pelos tons acastanhados e dourados, que é o resultado de um processo de confeção artesanal denominado de “pito”. Este doce divinal apresenta as características e qualidades ideias para acompanhar o Queijo Serra da Estrela, de preferência DOP, uma combinação adorada por muitos. Dois produtos, de regiões diferentes, tão simples, mas que unidos se tornam tão únicos. Nascem de pouquíssimos ingredientes, mas criam uma sinfonia de sabores até para os palatos mais exigentes.
Com a chegada de uma Páscoa atípica, marcada pelo confinamento e pelas restrições impostas pela pandemia, nada melhor que colocar em cima da sua mesa um doce que carrega consigo um enorme sentimento de tradição, lembrando a família, que adiciona um pouco de cor e sabor aos dias cinzentos que o nosso país atravessa atualmente.
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Fonte da foto: Vale da Estrela
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